quinta-feira, 8 de abril de 2010

Tipos de deficiência

Eu sei, eu estou há pouco tempo no Brasil, mas de forma geral já deu para perceber que a maioria das pessoas não sabem o que é autismo.



Uma coisa que eu percebi é que parece existir só dois tipos de deficiência, a deficiência física em que a inclusão é divulgada e aclamada e a deficiência de intelecto em que a pessoa deve SÓ frequentar centros especializados porque é melhor para ela, porque nesses centros especializados saberão como ensiná-los.



Mas, e as pessoas com autismo? Autismo não é uma deficiência física mesmo que alguns autistas possam apresentar algum desvio ou problema motor, tanto fino quanto grosso, mas definitivamente todos concordam que autismo não é uma deficiência física.



Nos sobra a segunda opção, uma deficiência do intelecto que também não encaixa para o autismo porque sabe-se que muitos autistas tem até uma mente intelecto-lógica privilegiada.



Mesmo sem uma "classificação" para o tipo de deficiência os autistas são encaminhados à instituíções de ensino especial e lá irão trabalhar o intelecto, muitas vezes de uma forma que não respeita o intelecto do autista, contraditório, não é mesmo? Tão contraditório que algumas APAEs que eu visitei criaram a "ala dos autistas" em que o trabalho é todo direcionado a deficiência da síndrome que até então ninguém conseguiu definir qual é a deficiência.



O que eu vi com meus olhos críticos é que as pessoas que pensam diferente porque processam as informações de forma diferente são retiradas da sociedade comum e encaminhadas para educação especial, e aí vale para tudo, da escola à aula de arte, tudo é separado. Como essas pessoas não tem como objeto maior da sua deficiência o intelecto elas sofrem uma segunda segregação e são encaminhados para a "ala dos autistas".



Eu fiquei imaginando o seguinte, uma população que nunca viu o que é um jogo de tênis, chegam alguns professores e ensinam que uma bola é redonda, que a cor amarela é a cor do Sol e o azul é a cor do Céu. Daí pra frente é com essa população "aprender"a jogar tênis. A população fatalmente fracassará, então os professores repetirão que a bola é redonda e que amarelo é a cor do Sol e azul é a cor do Céu. Outro fracasso e os professores dirão que esta população não consegue fazer associações.

Isso acontece com a maioria das pessoas com autismo que precisam de auxílio para entender o mundo, a informação é passada fragmentada e de maneira pouco prática, prática no sentido de uso dessa informação e o aprender torna-se monótono e inútil.

Usam-se para todo o sempre as classes no formato TEACCH, todos voltados para a parede, com a rotina a ser relizada individualmente colada à frente e cada um executa a tarefa de forma independente. E aí? Como essa pessoa está sendo educada a participar da sociedade em que temos que tolerar distrações e trabalhar de forma conjunta e co-creativa?

Eu não sou contrária aos métodos especiais de educação, eu sou contrária a maneira que eles vem sendo utilizados, não há um fim, não ha um plano de transição, não há um foco sequer na inclusão.

Eu acredito que as crianças em intervenção precoce beneficiam-se muito de um método de ensino 1:1 em que as distrações são eliminadas ou minimizadas, mas em algum ponto da intervenção precoce deve haver um plano de transição.

As crianças que tem idade para o ensino básico tem que ter a chance da inclusão, seja qual for a deficiência, o ensino básico que visa a inclusão é benéfico para toda a sociedade. Claro, deve haver um plano e um olhar atento para que a inclusão não sirva só de exclusão.

Colocar uma criança que tem idade para o ensino básico numa escola de ensino especial como única opção de aprednizado é um caminho sem volta porque, infelizmente, não ha um plano ou o objetivo de incluí-la na sociedade.

Uma sala especial dentro de uma escola regular ainda é uma opção válida se a escola tiver um trabalho voltado a fazer a transição gradual da sala especial para a de ensino regular.

Eu sei que existem excessões, mas hoje parece que a excessão é que virou regra!

"Learning is experience. Everything else is just information."
- Albert Einstein
(Aprendizado é experiência. Todo o resto é somente informação.)

Um comentário:

  1. A inclusao no Brasil, de modo geral, tem sido realizada de forma superficial e inadequada. Incluir nao e aceitar o ingresso da crianca e deixa;la de lado, ou mesmo achar que a assistencia de uma mediadora ; profissional especializada no auxilio de criancas com necessidades especiais, por si so, e fato favoravel a promover a inclusao.
    Precisamos de planos de estudo7trabalho focado para aquela crianca, dentro de suas possibilidades, com a inclusao dos assuntos abordados pela serie que esta cursando, mas o que precisaqmos mesmo, como urgencia basilar e de tolerancia e de credibilidade, porque a mim o que mais me arrasa e a resistencia irracional de apostar na crianca a fim de constatar as suas reais possibilidades.
    Gabrielle Minardi
    Mae da Carolina, 5 anos, com transtorno de desenvolvimento

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