quarta-feira, 7 de abril de 2010

A impotante influência do professor

Para qualquer aluno, a postura do professor será uma das bases de formação de carácter e auto-estima. Para alunos com autismo, a aceitação de suas peculiaridades e uma postura positiva é ainda mais marcante.

Na passagem do livro Songs of the Gorilla Nation em que a autora comenta sobre sua vida escolar desde o pré ate o abandono total no colegial para salvar sua vida podemos perceber tantos momentos de incompreensão e angústia e raros momentos agradáveis de aprendizado.

Já na pré-escola Dawn sofria com a exagerada exposição sensorial e com o sistema sobrecarregado apoiava-se em sua inteligência para encarar o dia a dia escolar.

Quando chegou à quarta série (third grade) ela encontrou uma professora que focava somente nas suas fraquezas. Dawn adorava leitura e escrever poemas, mas era péssima em matemática. Esta professora então fazia-a trabalhar somente nas lições de matemática e privava-a das leituras e dos poemas de que ela tanto gostava. De forma geral, Dawn descreve que a professora acreditava que ela era uma garota arrogante, insolente, preguisoça, imprevisível e barulhenta. A professora acreditava que Dawn havia sido mimada e que seus problemas eram culpa de seus pais.

Como uma maneira de modificar Dawn ela mandava mais lições de matemática a Dawn que aos outros alunos e a fazia copiar centenas de vezes a mesma frase com o objetivo de melhorar a sua caligrafia , o que nunca aconteceu como resultado desta "tortura".

Nas provas de matemática, esta professora ficava em pé ao lado de Dawn, esta pressão fazia com que a autora congelasse e não conseguisse nem se mover, isto gerava ainda mais pressão por parte da professora.

Em uma passagem do livro fica claro o terror: "... ela gritou 'Faça a tabuada ou eu vou chamar sua mãe!' Eu me derrubei em lágrimas, sem conseguir me mover. 'Chame minha mãe, por favor. Eu quero a minha mãe'. Ela estufou o peito com os braços cruzados e informou que não faria isso. Minha mente boiou. Eu geralmente não conseguia perceber as pessoas como entidades inteiras, mesmo quando relativamente relaxada. Agora, os pedaços ameaçadores da professora me rodeavam, atacavam-me por todos os ângulos. Eu me vi num furacão de horríveis sensações e criticismo descabido. Eu precisava da minha mãe e sabia que aquele demônio, em forma de sarcasmo que voava em pedaços tinha o poder de manter minha mãe longe de mim. Eu não me lembro como tudo terminou."

Dawn ficou maravilhada quando começou a sexta série (fifth grade) e a professora parecia entender os seus problemas. Ela deixava que Dawn escolhesse os livros que iria ler e escrever sobre o assunto, ela nunca criticou a sua letra manuscrita, ela permitiu que Dawn iniciasse um jornal de classe sobre poesias, ela permitia que Dawn só fizesse o mínimo de matemática.

E, o melhor de tudo, segundo Dawn, ela não a fazia ir ao recreio para brincar com as outras crianças. Ao invés disso, elas tinham longas conversas sobre filosofia, teologia e ciências sociais. Ela não ria das idéias de Dawn e quando discordava de algo dava-lhe razões para tal, razões que eram lógicas e bem pensadas.

Isto a separava de qualquer outra pessoa que Dawn já havia conhecido, esta professora fez com que Dawn quisesse entender o mundo e começar a sentir que talvez houvesse uma chance dela não ser solitária para sempre. Mas, no final do ano letivo sua família mudou de Estado e as dificuldades escolares resurgiram.

Na oitava série Dawn começou a beber para conseguir driblar os sentimentos de inadequação que a acompanhavam na vida escolar e a rejeição por parte dos colegas e professores.

No colegial ela teve que largar a escola e sair pelo mundo para salvar sua vida porque um dos alunos que era jogador de futebol americano começou a espancá-la porque ela declarou-se lésbica, até então o único entendimento que ela tinha é que ela se sentia mais confortável na compania de mulheres e um dia lhe disseram que isso era ser lésbica.

Aqui inicia-se o que parece o fim de uma vida, ela passou de lugar em lugar, foi moradora de rua, drogada e stripper, felizmente a vida deu uma reviravolta lenta quando ela encontrou os gorilas do zológico de Seattle.

De froma alguma é fácil a tarefa de um professor, são 20, 30 e até 40 alunos com necessidades diferentes e o professor tem muitas vezes que lidar com tanta diversidade apoiando-se em recursos mínimos, por isso é tão importante criar-se nas escolas e fora delas a cultura de valorizar o que há de bom em cada um de nós sem precisar menosprezar ou diminuir o próximo.

Marie

2 comentários:

  1. Bom dia Lady Marie,
    que historia interessante!...:))))
    Ok...to curiosa!
    Vou ler o livro tambem.
    bjs e obrigada por postar.
    Ana

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  2. Que mensagem bonita Marie!
    Vou ler o livro
    Obrigada por relatar esse livro e
    seu ponto de vista tambem.

    beijos enormes na familia

    Flaviana

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